A história do teatro não se construiu sozinha. Ao logo do tempo, diversas personalidades contribuíram para o enriquecimento desta arte.
Reunimos aqui, alguns dos grandes nomes do teatro mundial que, sem dúvidas, merecem destaque!
1. ÉSQUILO
(525-456 a. C.)
Nasceu em Eleusis, nas proximidades de Atenas, Grécia.
Ésquilo foi um dramaturgo sublime, considerado o fundador da Tragédia Grega. Inovou o teatro da época com o emprego de máscaras, a utilização do coro e a inclusão do diálogo, colocando um segundo ator em cena, reforçando a dramaticidade às apresentações.
Como outros autores de seu tempo, atuava em suas próprias peças, se encarregando também da coreografia e da encenação.
Suas obras expressavam a negação do conceito de culpa coletiva. Significou também a afirmação do direito sobre a arbitrariedade, da dignidade e da autonomia do homem perante os deuses e o destino.
A tragédia “Prometeu Acorrentado”, foi uma de suas obras mais conhecidas, constitui um belo canto à liberdade e aos dilemas da condição humana, encarnada por um Prometeu que, apesar de todas as adversidades, se nega a curvar-se diante dos deuses.
2. SÓFOCLES
(497 - 406 a. C)
Nasceu em Colono, na Grécia.
Foi um dos principais dramaturgos da tragédia grega. Suas obras apresentam personagens, que se destacam pela determinação e poder, dotados de defeitos ou virtudes fortemente delineadas. Essas qualidades agem sobre um conjunto de circunstâncias que esbarram em um acontecimento trágico.
Sófocles é admirado por sua compaixão e vigor com que desenha seus personagens, principalmente as mulheres trágicas, como "Electra e Antígona". O tema principal era o destino do personagem central, do herói que sofre e é destruído.
Inovou a técnica e a construção do teatro grego de seu tempo, quando acrescentou um terceiro ator aos dois já empregados por Ésquilo, permitindo ampliar o número de personagens, uma vez que um ator desempenhava vários papéis.
Aumentou também o número de participantes do coro de 12 para 15 membros e deu a ele um caráter independente, recurso depois ampliado por Eurípides. Fez uso de um verso mais rítmico e articulado.
Sua obra-prima "Édipo Rei" o consagrou como o maior poeta trágico da Antiguidade Grega.
3. EURÍPIDES
(484 - 406 a. C.)
Nasceu em Salamina, Grécia.
Foi um grande dramaturgo, porém, considerado excêntrico por seus contemporâneos. Tinha o costume de meditar e escrever em completo isolamento, em uma gruta à beira mar.
Eurípides nunca tomou parte dos negócios públicos, mas em suas tragédias apresentava uma constante preocupação política.
Escreveu sobre os deuses e heróis da Grécia, mas desmistificou Tseu e Agamenom, Apolo e Artêmide, Menelau e Demofonte. Todos ganharam uma dimensão humana, até então inédita.
Criador de personagens profundamente humanos, privilegiou as mulheres e fez delas as verdadeiras heroínas. Ao contrário dos homens, em geral fracos, os personagens femininos concentram coragem e ternura, ódio e paixão. Em “Medéia”, deu vida a um dos personagens mais importe do teatro universal.
4. GIL VICENTE
(1465-1536)
Nasceu em Guimarães, Portugal.
Sua atividade de dramaturgo foi desenvolvida em torno da corte portuguesa, abrangendo os reinados de D. Manuel I e de D. João III.
Embora tenha vivido em pleno Renascimento, Gil Vicente não se deixou impregnar pelas concepções humanísticas, retratou através de suas peças, os valores populares e cristãos da vida medieval. Seu teatro se caracteriza por ser primitivo e popular, embora tenha surgido no ambiente da corte, para servir de entretenimento nos serões oferecidos ao rei.
Gil Vicente escreveu mais de 40 peças, em espanhol e português, onde criticou de forma impiedosa toda a sociedade de seu tempo. O valor do teatro vicentino reside na sátira, muitas vezes agressiva, contrabalançada pelo pensamento cristão. Sua obra é rica pela universalidade dos temas e pelo lirismo poético que soube colocar na arte, em plena atmosfera renascentista.
Entre suas obras mais conhecidas estão: “Farsa de Inês Pereira” e a Trilogia das Barcas (“Auto das Barcas do Inferno”, “Auto da Barca do Purgatório” e “Auto da Barca da Glória”).
5. WILLIAM SHAKESPEARE
(1564 - 1616)
Nasceu em Stratford-upon-Avon, no condado de Warwick, Inglaterra.
Foi um ilustre dramaturgo e poeta inglês, considerado uma das maiores figuras da literatura universal. Sua consagração se deve aos seus notáveis e complexos personagens, à dinâmica de suas peças e a riqueza de seus versos.
Iniciou no teatro como copista oficial da companhia e também representava pequenos papéis. Em 1589 já adaptava peças de autores anônimos e escrevia o maior número das peças apresentadas no “Globe Theatre”.
Escreveu 37 peças, entre elas: 17 comédias, 10 dramas e 10 tragédias, que retratam a sociedade inglesa durante três séculos de sua evolução.
Suas obras mais famosas são: "Hamlet", "Otelo", "Macbeth", “Sonho de uma noite de verão”, "Romeu e Julieta" e “A tempestade”.
6. MOLIÈRE
(1622-1673)
Nasceu em Paris, França.
Foi um aclamado ator, diretor e dramaturgo francês. Um dos maiores destaques do teatro francês no século XVII. Apoiado por Luís XIV, que admirava suas sátiras, comédias e tragédias, tornou-se o provedor dos divertimentos do rei.
Molière pesquisou os diferentes tipos de personalidades e se aprofundou no estudo do caráter humano. Em suas obras, apresentava farsas com elementos prosaicos, onde rostos enfarinhados e máscaras coloridas caricaturavam personalidades importantes e expunham-nas ao ridículo.
Entre suas peças mais famosas estão: “O Tartufo”, “O Avarento”, “O Burguês Fidalgo” “O Doente Imaginário”.
7. MARTINS PENA
(1815-1848)
Nasceu no Rio de Janeiro, Brasil.
Foi um aclamado dramaturgo, e um dos principais autores teatrais do Romantismo no Brasil.
Motivado pela criação de um teatro tipicamente brasileiro, e favorecido pelo interesse do famoso ator e encenador João Caetano, Martins Pena iniciou sua carreira optando pelo único gênero teatral que poderia se adaptar às circunstâncias históricas do Brasil: a Comédia de Costumes.
Nas suas comédias teatrais, ele colocava em cenas as questões do cotidiano – rivalidades políticas, abusos das autoridades, irregularidades no comércio, tudo na boca de personagens comuns.
Suas comédias urbanas efetivavam um “retrato” da vida cotidiana do Rio de Janeiro, em especial do mundo da classe média. As dificuldades diárias, os casamentos por interesse e as raras formas de ascensão social são satirizadas em peças rápidas e de poucas cenas.
Escreveu aproximadamente 30 peças, entre sátiras, farsas, dramas e comédia. Entre suas principais obras estão: “O Juiz de Paz na Roça”, “O Caixeiro da Taverna”, “O Judas em Sábado de Aleluia”, “Os Irmãos das Almas”, “Quem Casa Quer Casa”, “D. Leonor Teles” e “O Noviço”.
8. HENRIK IBSEN
(1828-1906)
Nasceu na cidade portuária de Skien, na Noruega.
Além de dramaturgo, Ibsen foi poeta e diretor teatral. Conhecido como um dos grandes nomes do teatro realista moderno, criou o "Teatro de Ideias".
Muitas de suas peças foram consideradas escandalosas para a época. Seus trabalhos se caracterizam pelo estudo psicológico dos personagens, principalmente da mulher, analisam a realidade contida por trás das convenções, costumes e a moralidade da época. Critica a burguesia e o capitalismo.
Entre suas obras mais famosas estão: "A Matéria de que se Fazem Reis", "Peer Gynt" e "Casa de Bonecas”.
9. CONSTANTIN STANISLAVSKI
(1863-1938)
Nasceu em Moscou, na Rússia.
Foi um ator, diretor, encenador, escritor e pedagogo das artes cênicas de grande destaque entre os séculos XIX e XX.
Tornou-se mundialmente conhecido pela criação do “método Stanislavsvki”, um sistema que compõe técnicas de atuação para atores. Neste método o profissional se prepara para o papel que irá interpretar, exigindo todo um percurso e um processo disciplinado e imersivo, no qual o ator/atriz se envolve e se entrega totalmente à personagem.
Entre seus livros mais famosos, estão: “Minha Vida na Arte”, “A Preparação do Ator”, “A Construção da Personagem”, “A Criação de um Papel” e “Manual do Ator”.
Embora pensado para o teatro, seu sistema é utilizado até os dias atuais e auxiliou na formação de grandes nomes do cinema e da televisão, como Marlon Brando, Robert De Niro, Dustin Hoffman, Harvey Keitel e Daniel-Day Lewis.
10. AGATHA CHRISTIE
(1890-1976)
Nasceu em Torquay, condado de Devonshiri, na Inglaterra.
Agatha foi a maior escritora policial de todos os tempos. Escreveu 93 livros e 17 peças teatrais.
Tornou-se mundialmente famosa com a criação de "Hercule Poirot", um detetive belga, personagem que aparece em 33 de suas obras e um dos mais célebres da ficção policial.
Entre suas peças de teatro mais populares, destacou-se "A Ratoeira", encenada mais de 13 mil vezes na Inglaterra.
11. BERTOLT BRECHT
(1898-1956)
Nasceu em Augsburg, no estado da Baviera, na Alemanha.
Brecht foi um famoso dramaturgo, romancista e poeta. Criador do Teatro Épico Anti-Aristotélico, publicou o livro “Estudos Sobre Teatro”, onde apresenta a teoria sobre esse novo estilo teatral.
Em 1949, com o apoio do governo da Alemanha Oriental, Bertolt Brecht fundou uma companhia de teatro a “Berliner Ensemble”, que montava principalmente as suas peças.
Sua obra fugia dos interesses da elite dominante, visava esclarecer as questões sociais da época. Entre suas peças, ganharam destaque: “O Homem é um Homem, “Ópera dos Três Vinténs”, “Ascensão e Queda da Cidade de Mahagonny” e “Mãe Coragem e Seus Filhos”, considerada sua obra-prima.
12. SAMUEL BECKETT
(1906-1989)
Nasceu em Foxrock, subúrbio de Dublin, na Irlanda.
Beckett foi dramaturgo, romancista, diretor de teatro, poeta, e um dos mais influentes intelectuais do século XX, recebendo o Prêmio Nobel de Literatura em 1969.
Projetou-se internacionalmente com a peça “Esperando Godot”, iniciando, ao lado de Eugene Ionesco, o “Teatro do Absurdo”.
Tornou-se referência para grandes figuras do teatro brasileiro, como Augusto Boal e Plínio Marcos.
13. NELSON RODRIGUES
(1912-1980)
Nasceu na cidade de Recife, em Pernambuco.
Escritor, jornalista e dramaturgo, escreveu sua primeira peça “Mulher Sem Pecado” em 1942, sendo apresentada no Teatro Carlos Gomes (RJ), pelo grupo Comédia Brasileira.
Em 1943, o Teatro Municipal do Rio de Janeiro torna-se o palco do surgimento do teatro brasileiro moderno, com a montagem de sua segunda peça, “Vestido de Noiva”, com o grupo Os Comediantes, e direção de Ziembinski.
Desde seu primeiro texto, Nelson foi considerado um imoral, porém moralista. Considerado um gênio, chocou o público e a imprensa. Suas obras retratavam a vida do subúrbio carioca, com temáticas polêmicas, em torno de adultérios, pecados e de escândalos.
Entre suas 17 peças teatrais, destacam-se: “Viúva, porém honesta”, “Álbum de família”, “Senhora dos Afogados”, “A falecida”, “Boca de Ouro”, “O beijo no asfalto”, “Bonitinha, mas ordinária”, “Toda nudez será castigada” e “A serpente”.
14. ARTHUR MILLER
(1915-2005)
Nasceu na cidade de Nova Iorque, nos Estados Unidos.
É considerado um dos principais dramaturgos norte-americanos do século XX.
Em 1949, recebeu o Prêmio Pulitzer, famosa premiação aos críticos de teatro de Nova Iorque. Suas obras são marcadas por críticas contundentes à sociedade de seu país.
Ganhou destaque no cinema, escrevendo o roteiro do filme "Os Desajustados", para sua então esposa, Marilyn Monroe.
Entre suas principais obras teatrais, estão: "Morte de um Caixeiro Viajante", que lhe rendeu três prêmios Tony, e "As Bruxas de Salém".
15. ARIANO SUASSUNA
(1927- 2014)
Nasceu na cidade de Nossa Senhora das Neves, hoje João Pessoa, capital da Paraíba.
Foi poeta, romancista, ensaísta, dramaturgo, professor e advogado, eleito em 1989 para a cadeira n.º 32 da Academia Brasileira de Letras.
Sua obra reúne, além da capacidade imaginativa, seus conhecimentos sobre o folclore nordestino.
A peça "O Auto da Compadecida", é considerada sua obra-prima, também adaptada para a televisão e para o cinema.
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