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MACHADO DE ASSIS: O “PAI” DO REALISMO BRASILEIRO

Joaquim Maria Machado de Assis, mais conhecido como Machado de Assis, foi um jornalista, contista, cronista, romancista, poeta, teatrólogo e um dos maiores representantes da literatura nacional. Considerado o “pai do realismo”, é um dos responsáveis pela fundação da Academia Brasileira de Letras.


Conheça um pouco mais sobre a vida e a obra de um dos maiores escritores brasileiros de todos os tempos!



Machado de Assis nasceu em 21 de junho de 1839, na Chácara do Livramento, no Rio de Janeiro.


De família humilde, era neto de escravos alforriados e o primogênito do mulato Francisco José de Assis, pintor e decorador de paredes, e da imigrante portuguesa Maria Leopoldina, que trabalhava como lavadeira.


Ficou órfão de mãe muito cedo e, por isso foi criado por sua madrasta. Em 1851, seu pai também veio a falecer. Sem recursos para estudar, era autodidata, e com apenas 14 anos publicou o soneto "À Ilma. Sra. D.P.J.A.", no Periódico dos Pobres, de 3 de outubro de 1854.


Em busca de um emprego, aos 15 anos conheceu Francisco de Paula Brito, dono da livraria, do jornal e da tipografia de sua cidade natal. No dia 12 de fevereiro de 1855, a “Marmota Fluminense”, jornal editado por Paula Brito, trazia na página 3, o poema “Ela”, de Machado de Assis:


"Dos lábios de Querubim Eu quisera ouvir um sim Para alívio do coração"...


Em 1856 começou seus trabalhos na área jornalística como aprendiz de tipógrafo na Tipografia Nacional, trabalhando junto com o também escritor brasileiro, Manuel Antônio de Almeida — autor de “Memórias de um Sargento de Milícias”.


Dois anos depois, já era revisor do Correio Mercantil e, em 1860, a convite de Quintino Bocaiúva, passou à redação do Diário do Rio de Janeiro. Escrevia também para a revista O Espelho, onde estreou como crítico teatral.

A passagem pela imprensa teve grande impacto na produção literária do escritor.


Machado de Assis sofreu alguns preconceitos ao longo da vida. Além do fato de ser mestiço e de origem pobre, carregava outros dois grandes estigmas: era gago e sofria de epilepsia.


Porém, isso não o impediu de se destacar entre os intelectuais de sua época. Talentoso na arte da escrita, logo ganhou a simpatia do Imperador Dom Pedro II, um grande apreciador e incentivador das artes.


Aos 20 anos já frequentava as esferas literárias e jornalísticas do Rio de Janeiro, capital política e artística do Império. O escritor José de Alencar e o maestro Carlos Gomes, eram algumas das figuras ilustres que integravam seu círculo de amizades.


Em 1864, Machado de Assis publicou seu primeiro livro de poesias, “Crisálidas”, uma coletânea de seus poemas, dedicado a seus pais, Maria Leopoldina e Francisco.


Em 1867, Dom Pedro II concedeu a Machado o grau de "Cavaleiro da Ordem da Rosa", por serviços prestados às letras nacionais. No dia 8 de abril foi nomeado ajudante do diretor do Diário Oficial, iniciando sua "carreira burocrática".


Em 1868 conheceu a jovem de origem portuguesa, Carolina Augusta Xavier de Novais, irmã do seu grande amigo, o poeta Faustino Xavier de Novaes.

Carolina foi sua grande parceira. Além de cuidar da saúde do marido, era uma mulher extremamente culta. Ela não apenas lhe apresentou os clássicos lusitanos, mas também o auxiliava na revisão de seus livros.

Machado e Carolina foram casados durante 35 anos.


O seu primeiro romance, “Ressurreição”, de 1872, consolidou a imagem de um escritor que usava muito bem a língua portuguesa e que preferia os relatos psicológicos às narrativas de ação constante. Suas obras caminhavam na contramão de seus contemporâneos Gonçalves Dias e José de Alencar, grandes expoentes do Romantismo no Brasil.


Para além da carreira letrada, Machado de Assis também ocupou diversos cargos públicos, tornando-se uma proeminente figura de sua época. Em 1873, tornou-se o primeiro oficial da Secretaria de Estado do Ministério da Agricultura, Comércio e Obras Públicas.


Memórias Póstumas de Brás Cubas”, publicada em 1881, foi o marco inicial do realismo brasileiro, revelando seu incrível talento na análise do comportamento humano, desvendando por trás dos atos bons e honestos, a vaidade, o egoísmo e a hipocrisia humana.


Em 1896, juntamente com outros intelectuais, como: Joaquim Nabuco, Olavo Bilac, Visconde de Taunay e Ruy Barbosa, fundou a Academia Brasileira de Letras, sendo eleito presidente em 28 de janeiro de 1897, cargo que ocupou até sua morte.


Inaugurou a cadeira n.º 23, que tinha como patrono o escritor José de Alencar, seu grande amigo que faleceu 20 anos antes da criação da instituição.

Sua cadeira, posteriormente foi ocupada por outros grandes escritores, como Lafayette Rodrigues Pereira e Jorge Amado.


A consolidação da ABL foi, de fato, uma das maiores motivações da vida de Machado.


As obras de Machado podem ser divididas em duas fases: Romântica (de 1872 a 1878) e Realista (de 1881 a 1908). Entre as principais características, estão:


· Crítica à burguesia e à sociedade de maneira geral;

· Ironia;

· Metalinguagem;

· Diálogo direto com o leitor.


O seu trabalho literário também é conhecido pelo “realismo psicológico” que caracterizava os personagens, até então, explorados literariamente apenas a nível físico e costumeiro.


Por também ser jornalista, sua visão em relação à sociedade influenciava diretamente as temáticas de suas obras, que tinham como foco a burguesia carioca do século XIX.


Em outubro de 1904, faleceu sua esposa, auxiliar e companheira. Abatido e solitário, em homenagem à sua amada, redigiu o soneto “À Carolina”, contido no livro “Relíquias de Casa Velha” (1906):


“Querida, ao pé do leito derradeiro Em que descansas dessa longa vida, Aqui venho e virei, pobre querida, Trazer-te o coração do companheiro.

Pulsa-lhe aquele afeto verdadeiro Que, a despeito de toda humana lida, Fez a nossa existência apetecida E num recanto pôs o mundo inteiro.

Trago-te flores, - restos arrancados Da terra que nos viu passar unidos E ora mortos nos deixa separados.

Que eu, se tenho nos olhos malferidos Pensamentos de vida formulados, São pensamentos idos e vividos.”


Após a morte de Carolina, o romancista raramente saía de casa. Lamentava-se: “Foi-se a melhor parte da minha vida, e aqui estou só no mundo.”


O livro “Memorial de Aires” foi a última obra de Machado de Assis. Publicado no ano de sua morte, trata-se de um romance psicológico autobiográfico.


Já idoso e tomado pela depressão, faleceu no Rio de Janeiro, dia 29 de setembro de 1908, aos 69 anos de idade, vítima de câncer.


Em seu velório, compareceram as maiores personalidades do país. Rui Barbosa, um dos juristas mais aclamados da época, representando a Academia Brasileira de Letras, fez um discurso de despedida, tecendo elogios ao homem e escritor.


Brás Cubas, um dos seus principais personagens, afirmou ao final de suas Memórias Póstumas: “Não tive filhos, não transmiti a nenhuma criatura o legado de nossa miséria.”


Da mesma forma, o autor também não teve filhos. Entretanto, Machado deixou como legado, uma obra de valor incalculável. Algumas de suas principais publicações foram:


· Ressurreição (1872);

· Histórias da meia-noite (1873);

· A Mão e a Luva (1874);

· Helena (1876);

· Iaiá Garcia (1878);

· Memórias Póstumas de Brás Cubas (1881);

· Papéis Avulsos (1882);

· O Alienista (1882);

· Quincas Borba (1891);

· Dom Casmurro (1899);

· Esaú e Jacó (1904);

· Memorial de Aires (1908).


Publicou um total de 10 romances, 10 peças teatrais, 200 contos, 5 coletâneas de poemas e sonetos e mais de 600 crônicas.


Muitas de suas obras foram adaptadas para o cinema, tv, teatro, ópera, música, dança, literatura e histórias em quadrinhos (HQ).


Pois o silêncio não tem fisionomia, mas as palavras muitas faces...”, é uma de suas frases icônicas.





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